COMBATES DE ABRIL<br>E POR ABRIL

«1.º de Maio – de­fender, repor e con­quistar di­reitos»

As co­me­mo­ra­ções do 42.º ani­ver­sário do 25 de Abril atin­giram uma gran­diosa ex­pressão por todo o País e em de­zenas de co­mu­ni­dades de por­tu­gueses es­pa­lhadas pelo mundo.

Mi­lhares e mi­lhares de pes­soas, em festa e em luta, pelas ruas de muitas lo­ca­li­dades do País ce­le­braram a Re­vo­lução de Abril, os seus ideais, avanços e con­quistas, que a Cons­ti­tuição da Re­pú­blica apro­vada e pro­mul­gada há qua­renta anos viria a con­sa­grar. E, em luta e em festa, re­a­fir­maram os ideais e os va­lores que con­ti­nuam vivos e ac­tuais na me­mória e no co­ração do povo por­tu­guês e que, pelas suas lutas, se pro­jectam no fu­turo.

Par­ti­cu­lar­mente sig­ni­fi­ca­tiva foi, em Lisboa, a im­pres­si­o­nante ma­ni­fes­tação com grande par­ti­ci­pação da ju­ven­tude que du­rante mais de duas horas des­filou pela ave­nida da Li­ber­dade em di­recção ao Rossio em de­fesa dos ideais li­ber­ta­dores da Re­vo­lução de Abril e em ex­pres­siva afir­mação dos seus pro­jecto e va­lores.

Igual­mente sig­ni­fi­ca­tivas foram as co­me­mo­ra­ções do 42.º ani­ver­sário do 25 de Abril e do 40.º ani­ver­sário da Cons­ti­tuição na As­sem­bleia da Re­pú­blica. Re­flexo das elei­ções de 4 de Ou­tubro, com a der­rota e afas­ta­mento do go­verno PSD/​CDS e no quadro da nova cor­re­lação de forças que  cri­aram, o PCP, apro­vei­tando todas as opor­tu­ni­dades, tem tido uma in­ter­venção de­ter­mi­nante para de­fender, repor e con­quistar di­reitos.  Desta forma, pro­cura dar re­no­vada força e con­fi­ança à luta por uma vida me­lhor, in­se­rida no pro­cesso de rup­tura com a po­lí­tica de di­reita e de con­cre­ti­zação da al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda vin­cu­lada aos va­lores de Abril que pre­co­niza e de­fende.

As con­quistas e re­a­li­za­ções da Re­vo­lução de Abril cons­truídas pela luta dos tra­ba­lha­dores e do povo e para a qual o PCP deu um ini­gua­lável con­tri­buto são pa­tri­mónio do povo e do fu­turo. Con­quistas e re­a­li­za­ções que 39 anos de po­lí­tica de di­reita que su­ces­sivos go­vernos con­du­ziram contra Abril, des­truíram, des­ca­rac­te­ri­zaram ou mu­ti­laram. E, por esta via, im­pu­seram um sério re­tro­cesso nas con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo por­tu­guês e novos e mais graves passos no sen­tido do agra­va­mento das di­fi­cul­dades, in­jus­tiças e de­si­gual­dades so­ciais.

Mas mais uma vez as co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril de­mons­traram que mesmo pe­rante a brutal ofen­siva destes úl­timos anos de PEC e de pacto de agressão subs­crito por PSD, CDS e PS com o FMI, o BCE e a União Eu­ro­peia –  par­ti­cu­lar­mente agu­di­zada pela po­lí­tica de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento do go­verno PSD/​CDS dos úl­timos quatro anos, os tra­ba­lha­dores e o povo não per­deram nem a con­fi­ança na luta nem a es­pe­rança no fu­turo.

Luta e con­fi­ança res­pon­sá­veis pela der­rota  do go­verno PSD/​CDS e, com a de­ci­siva in­ter­venção do PCP, pela aber­tura de uma nova fase da vida po­lí­tica do País contra a qual se le­vantam hoje com ame­aças, pres­sões e chan­ta­gens os de­fen­sores da di­ta­dura do dé­fice, a União Eu­ro­peia, o BCE e o FMI e o PSD e o CDS. Os mesmos que fe­cham os olhos e pro­movem desde há anos um co­lossal roubo ao Es­tado e ao povo de mi­lhares de mi­lhões de euros des­vi­ados para os offshores  numa mega-ope­ração de fraude e evasão fis­cais e que tanta falta fazem para me­lhorar a vida a mi­lhões de por­tu­gueses e de­sen­volver o País.

Importa, pois, pros­se­guir os com­bates de Abril e por Abril, de­sen­volver a luta de massas em torno da acção rei­vin­di­ca­tiva, pela de­fesa, re­po­sição e con­quista de di­reitos, fa­zendo do 1.º de Maio uma nova grande jor­nada de luta dos tra­ba­lha­dores por­tu­gueses.

Com­bates que pros­se­guirão também na in­ten­si­fi­cação da acção e ini­ci­a­tiva do PCP em que se in­te­grou a vi­sita à OVI­BEJA, na pas­sada sexta-feira e a acção evo­ca­tiva da vi­tória contra o roubo dos com­ple­mentos de re­forma dos tra­ba­lha­dores do Metro, ambas com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral do PCP.

Com­bates que re­querem o re­forço do PCP com a di­na­mi­zação da cam­panha na­ci­onal de fundos nesta fase final, novos avanços na di­vul­gação da Festa do Avante!, a pre­pa­ração do XX Con­gresso, novos passos no re­forço da or­ga­ni­zação do Par­tido junto dos tra­ba­lha­dores e de ou­tras ca­madas não mo­no­po­listas e a con­ti­nu­ação da cam­panha «Mais di­reitos, Mais fu­turo. Não à pre­ca­ri­e­dade».

Como re­feriu o ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa no al­moço do PCP de co­me­mo­ração do 25 de Abril em Loures no pas­sado do­mingo, nós man­temos a con­fi­ança dos que sabem que a his­tória não chegou ao fim. Por mais que as forças do grande ca­pital pro­clamem o con­trário, com a luta dos tra­ba­lha­dores e do povo, dos de­mo­cratas e pa­tri­otas, mais tarde ou mais cedo, che­gará o mo­mento de re­tomar o que ficou ina­ca­bado; re­er­guer o que foi des­truído; repor o que foi sub­ver­tido pela ofen­siva da po­lí­tica de di­reita. Uma ofen­siva que visa a re­cons­trução dos ve­lhos pri­vi­lé­gios do ca­pital mo­no­po­lista e la­ti­fun­dista, fun­da­mental su­porte do fas­cismo, que a Re­vo­lução de Abril havia li­qui­dado.

Nin­guém tem o di­reito de obrigar Por­tugal a aceitar a po­sição de Es­tado su­bal­terno. Nos com­bates de Abril e por Abril, o povo por­tu­guês de hoje é o mesmo povo que tantas vezes se bateu no pas­sado em de­fesa da sua so­be­rania e in­de­pen­dência na­ci­o­nais sempre que as viu ame­a­çadas.

Relem­brando Ary dos Santos, «o que é pre­ciso é termos con­fi­ança/​se fi­zermos de Maio a nossa lança/​isto vai meus amigos isto vai»